A armadura da fidelidade

Sobre a armadura da fidelidade – a armadura de Deus – descrita em Efésios 6.10-18, é necessário considerar que o apóstolo Paulo, inicia seu pensamento sobre esta imaginologia diagnosticando as causas e razões que nos conduzem a nos revestir de toda armadura. Assim, em EF. 4.25-6.9, argumenta-se que o encorajamento à santidade perpassa pela capacidade ética de cada um. Ética é o exercício sociopolítico e espiritual-comunitário que faz com que cada um acesse à verdade, após a prova (εξήγηση) da alma no cotidiano confronto da vida.

Por isso, a verdadeira vida cristã não permite nenhuma sombra, não carece de nenhum suplemento, não admite nenhuma mistura. É uma dedicação prática de ânimo que transforma tudo o que toca pela palavra e pelo testemunho. Por isso, o autor descreve as ações humanas em três parênteses:

(1) O caminho do justo e sábio diálogo (4.25-5.2);

(2) A diferença entre seu passado (de trevas) e seu presente (de luz) (5.3-21) e;

(3) O modelo de amor no seu lar (5.22-6-9).

Só depois de exercitar estas qualidades pessoais é que podemos nos revestir da armadura. Pois toda ela foi originalmente usada pelo Senhor dos Exércitos (IS. 11,4-5; 59.16-18; SB. 5.17-23). Assim, só os intrépidos e honrados – ou seja, só os valentes obedientes que pelejam por Deus – tem a guarda das armas da luz (RM. 13.12) e da justiça (2CO. 6.7) para usá-las ofensiva ou defensivamente, quando priorizarem os valores internos de sua individualidade (sobre os detalhes externos das circunstâncias).

A armadura da fidelidade é oferecida àqueles que são fiéis, verdadeiros, autênticos e dignos de confiança (RM. 13.12). Afinal, apenas os filhos da Luz são sempre prontos, prudentes, inteligentes e determinados para administrar os bens que o Senhor lhe concede (LC. 16.8). Logo, é preciso ter como certo que a armadura é dada como arma para a batalha, para insistir no paradoxo da vida apostólica (2CO. 6. 1, 3-10) nos dias maus (EF. 6. 13).

Assim, o capacete da esperança da salvação (1TS. 5.8) é ligado a mente, em contínua vigília, para firmemente estar sempre livre com disposição imediata e rápida à ativamente viver a união espiritual. A couraça da justiça (SB. 5.18; IS. 59,17) é a defesa contra todo o julgamento insubornável, ou seja, é a proteção invencível da santidade que reduz o poder inimigo. É a característica da autoridade suprema.

O cinto da verdade e da lealdade (IS. 11.5) expressa a piedade e o temor do Senhor, além de declarar a bravura ou coragem que vem do Espírito. É concedido aos que não tem vergonha de nada. O calçado do evangelho da prontidão (IS. 40. 3, 9; 59, 7) apoia os passos no caminho processional e triunfal que a proteção divina dá como penhor. Não há deserto que o resista. O escudo da fé (2SM. 22,36; SL. 7.10; 18,30; 47,9; PV. 2,7; JR. 46,3) é a arma defensiva que amortece as setas incendiadas dos inimigos. É a resposta favorável de Deus, seu acudir, para que os joelhos não vacilam, e se alarguem os passos. É oferecido aos defensores do Reino, os representantes de Deus.

A espada do Espírito da Palavra (IS. 11,4; 49,2; 51,16; OS. 6,5; HB. 4, 12-13; AP. 1,16; 19,15) é uma arma de guerra para aqueles que tem a prática do conhecimento diante do caos do mundo. É a arma doutrinária da sabedoria contra os ímpios. É o instrumento que nos leva a cantar quando estamos em missão, como servos da grande congregação do Espírito do Senhor. É uma extensão da ligação que temos com Deus, sobretudo nos movimento e intenções secretos do coração. E o manto da prece perseverante, da oração santificada e do zelo (EX. 28,31; AP. 19,16) é um título senhorial para que não sucedam superficialidades, sonolências, esterilidades, ódios e tolices.

Para concluir, vale dizer que a verdadeira guerra santa usa sabedoria, coragem e fé (JO. 18.10). Pois, o Espírito usa, com mais frequência, o consolo, o desafio, o encorajamento e a ajuda como instrumento para a construção da comunidade dos santos (AT. 1, 13-14). Logo, são atitudes contrárias ao desenvolvimento da fé: a discórdia, a presunção, a avareza, o orgulho, a impaciência e os projetos humanos sem a presença do divino (TG. 4.1-5,1-16). Busquemos toda a armadura do Senhor no dia a dia. Deus nos abençoe.

Sobre César Pinheiro

Alguém que acredita que “fora do “amor”, tudo é morte”; que a “paz” – “a ciência da paciência” é plenitude; que “justiça” é a capacidade de retidão que pode nos livrar do mal; que a verdade é a primeira virtude de um sistema de pensamento; e que santidade é a plenitude da vida no Espírito.
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